Nesse sábado (13/12/2008) participei de um evento muito interessante, chamado Mobilecamp, organizado pelo Juliano Spyer, autor do blog Não Zero – Inteligência Social e do livro Conectado.

Motivação

Nada melhor que a própria descrição do evento para explicá-lo melhor:

O que: MobileCamp é um encontro para “mobile crazies” que vai acontecer no dia 13 de dezembro, um sábado, no Espaço Gafanhoto, das 10 da manhã às 17 da tarde.

Por que: A idéia é reunir pessoas que vivem o celular como gadged, que gostam de fuçar e descobrir coisas novas sobre seus aparelhos e que nesse sentido estão se adiantando à tendência de uso da internet com mobilidade.

É um evento gratuito, mas fechado para convidados para aumentar a qualidade das trocas entre os participantes.

Como: O dia terá dois momentos: pela manhã, vamos atiçar a conversa com 12 mini-palestras (no estilo TED) e à tarde, os participantes trocam idéias dentro de uma dinâmica de desconferência.

Não custa nada participar. Estou organizando o evento para aprender também e para conhecer pessoas envolvidas nesse assunto. A Talk, agência onde eu trabalho, está apoiando o evento, cedendo uma parte do meu tempo – e, em retorno, terá alguma presença visual no evento.

Quem: Entre os convidados, tem gente atuando especialmente em quatro frentes: pensando o celular como oportunidade de negócio pelo marketing, utilizando o celular como plataforma de produção e publição de conteúdo, explorando as possibilidades de usar o celular em projetos artísticos e desenvolvedores que estudam como transformar todas essas possibilidades em ação.

Palestras

Foi previsto 12 mini-conferências de 8 minutos cada, como mesmo o Juliano falou, foi um laboratório para avaliar o funcionamento do modelo para um público bem crítico e interessado. Já no começo passou um pouco o “ar” do evento com o aviso: “E NÃO desliguel os aparelhos celulares ;-)”, veja na foto tirada pela Bia Kunze. Isso já mostrou o ar descontraído e de liberdade (sem libertinagem!) de todo o evento.

Mobilecamp

Começou de forma muito interessante, com uma palestra “dada” via YouTube por Fernando Firmino do Jornalismo Móvel, pesquisador influente, que desenvolve pesquisa sobre comunicação móvel ou mais precisamente jornalismo móvel. Ele não pode participar presencialmente, mas gravou um vídeo para o evento abordando este assunto e as implicações e potencializações de uma produção jornalística em mobilidade a partir do uso de plataformas móveis e aplicações da Web 2.0. Confira:

A Bia Kunze, a Garota Sem Fio, contou um pouco da sua história como uma dentista a se aventurar nesse mundo de tecnologias móveis e blogs, além de falar sobre os principais OS e as vantagens e desvantagens de cada um, no ponto de vista do produtor de conteúdo.

Lucas Bambozzi do ArteMov falou sobre os conceitos e diretrizes que movimentam o artemov e algumas atividades correlatas. Teve foco prioritariamente artistico-cultural, em detrimento de aspectos promocionais ou de marketing.

Nacho Duran,do Vídeo de Bolso, falou sobre a descentralização da produção e a distribuição (redes online e offline).  Apresentou a experiência com o desenvolvimento da oficina ‘Vídeo de bolso, faça o seu’ e dos seus objetivos a curto e meio prazo.

Cláudio Bueno, Eletrônico-digital: por uma arte em mídias móveis A partir das novas possibilidades de integração entre sistemas eletrônicos e digitais, será colocada em questão a utilização de celulares como ativadores e transformadores de espaços físicos, de arquiteturas e funcionamentos dos espaços públicos e privados.

Fábio Garrido da Responsfabrikken, disponibilizou aos participantes um número para votar por SMS e decidir qual seria o tema de sua palestra. Poderia ser portabilidade (Quando o cliente quiser manter o seu número de telefone e trocar de operadora) ou Leilão Reverso (É um leilão diferente e divertido onde quem der o menor lance único, ganha, por exemplo uma Mercedes). Tudo na hora, ganhou o tema Leilão Reverso. Além da escolha do tema da palestra, durante todo o evento era possível enviar “tags” como sugestão para as “desconferências”.

Paulo Hartmann organizador do MobileFest falou sobre Mobilefest, Transdiciplinariedade e Mociologia.

Josluza Fiorani do Advogada Online mostrou como os advogados estão usando os celulares para trabalhar. Achei muito interessante o trabalho dela por levar aos profissionais do Direito o desprendimento de livros, documentos e procedimentos físicos. Concentrando tudo que é “digitalizável” num dispositivo móvel.

Wagner Merije apresentou um trabalho fantástico chamado Minha Vida Mobile, um concurso cultural para mostrar a criatividade dos estudantes. Através de um conjunto de ações culturais busca estimular os jovens a se apropriarem das novas tecnologias e aguçar o interesse pela pesquisa e as capacidades de interpretação e síntese, a criticidade, a clarificação e a critividade.

Luiz Paulo Rosa da Talk Interactive falou sobre dez coisas que um usuário do Nokia N95 pode fazer com o aparelho e geralmente não sabe. A idéia é usar o N95 como referência de funcionalidades que podem e devem se tornar comuns em outras plataformas nos próximos anos. Conversei bastante com ele durante o evento, um cara muito bacana com quem compartilho muitas opiniões sobre o celular com um elemento de status social, em detrimento de suas funcionalidades.

O Breno Masi da FingerTips contou a sua história do desbloqueio do iPhone no Brasil, como isso foi feito, como as comunidades online foram fundamentais nesse processo e como isso transformou a vida dele. Ele foi a primeira pessoa do mundo a destravar várias versões do sistema operacional do iPhone, tanto da versão 2G quanto 3G. Ele falou por mais de uma hora, e ninguém se cansou de escutar situações inusitadas, como a visita pessoal do Presidente da Angola, e de outras celebridades como Xuxa, Lula e outros, querendo desbloquear o seu iPhone.

Eduardo Brandini, Coordenador de Tecnologia e Produção do Depto de Jornalismo da BAND, falou sobre o uso do celular no processo de produção do jornalismo. Hoje a emissora tem um quadro chamado BAND REPÓRTER CELULAR, onde diariamente, ao vivo, via 3G um repórter entra no telejornal matutino com informações de última hora. Um exemplo claro de pensamento “fora da caixa”.

*As palestras não seguiram necessariamente a ordem que em citei.

Considerações

Foi uma oportunidade e tanto para conhecer pessoas que só conhecia e tinha falado virtualmente. Só tinha fera lá, pessoal de alto gabarito e multidisciplinariedade, todos com o mesmo foco, a influência da mobilidade na vida social, no comportamento das pessoas e nas possíveis aplicações para a melhoria da de suas vidas. Eu era uma “criança” no meio de tanta gente influente e conhecedora da área.

Agora é continuar o trabalho do blog com os princípios de sempre, só que com uma responsabilidade muito maior.

Parabéns Juliano Spyer pelo trabalho, e agradeço o apoio do Cazé Pecini do Gafanhoto por hospedar e incentivar o evento.